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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Educação Inclusiva nas Escolas Particulares



O ano de 2015 está acabando e o nosso Garotão está saindo da Educação Infantil e segue agora para o Ensino Fundamental. Um grande passo, mas que veio com um novo desafio: a escolha da escola de Ensino Fundamental. A nossa primeira proposta é ir para a escola onde o Garotão é atendido no contra-turno. Mas, sabemos que esse plano não é garantido. Então, meu marido e eu fomos conhecer as escolas particulares mais próximas para elaborarmos um “Plano B”.  Eu sabia que não ia ser fácil, mas não sabia que seria tão difícil... Foram 5 escolas mais próximas e decepção com todas elas...

Não ligamos para nenhuma delas para agendar visitas, simplesmente aparecemos. Nosso contato primário foi com um funcionário da secretaria, e para todos já avisamos que nosso filho era autista e que precisava de acompanhamento individualizado.
Nenhum dos funcionários que foram nossos primeiros contatos respondiam sobre a questão da inclusão. Diziam que somente o pedagogo poderia responder as nossas perguntas e então, precisaríamos agendar um horário com esse profissional para sanar nossas dúvidas. Então, fazíamos perguntas como de sondagem para esses profissionais para tentar perceber o que eles sentiam em relação à inclusão, porque, no meu pensamento, se a educação inclusiva é política da escola, acredito que mesmo que as melhores informações sejam através do pedagogo, o pensamento desse primeiro profissional poderia dar uma visão do que a escola já viveu em relação a isso.

A primeira escola que visitamos foi ainda no ano passado. Conseguimos conversar imediatamente com a pedagoga. Mas, apesar de dizer que a escola já tinha tido alunos autistas (parecia que apenas um), ela não sabia como funcionaria se tivesse que ter acompanhamento individualizado. Não tivemos nenhuma informação mais sobre inclusão.

Eu tinha uma baita expectativa quanto à segunda escola que visitamos. Já escutamos relatos de alguns alunos autistas matriculados lá e até de funcionários. No primeiro contato para visita, a funcionária disse que teríamos que conversar com a pedagoga, mas que o ideal era conversar com a diretora, que era especialista em Educação Especial. Fiquei empolgada. Então, fiquei esperando um telefonema agendando um horário com essa pedagoga. Infelizmente, dias depois recebi o telefonema dizendo que a escola não tinha mais vaga para crianças especiais (Não sei se eles tem respaldo quanto a isso, ou se caberia uma denúncia, mas imagina enfiar o seu filho “goela abaixo” numa escola? Não me sentiria segura em deixa-lo lá sem minha presença... vai saber? Não gosto de climão...)

A terceira escola é uma escola pequena, bem perto de casa. Mas, a funcionária não sabia falar nada sobre educação inclusiva. Não sabia se já teve alunos e que só a pedagoga poderia explicar o que eu queria.

A quarta e quinta escolas que visitamos são de grandes redes de ensino. Aí, eu sinceramente esperava que a experiência com crianças especiais seria maior. Vamos lá.

A funcionária da quarta escola era novata. Nos apresentou as mensalidades e quando perguntamos sobre “inclusão e autismo” ela chamou uma funcionária mais experiente. Fiquei feliz e esperando que tivesse algumas informações sobre a política de inclusão da escola. Então, essa funcionária me chega cheia de apostilas e me fala que essas eram as apostilas que usavam. Eu tentando entender o que os livros tinham a ver com a inclusão (eu achava que o material didático era especial, ou coisa assim), aí descobri que ela tinha entendido “livros” ao invés de “autismo”. Eu e meu marido rimos baixinho. Então, a funcionária disse que somente a pedagoga poderia conversar conosco e ficou de agendar um horário para conversarmos. Tentei uma nova sondagem e ela respondeu que eles tinham alunos autistas. Aí, soltei: “é que meu filho precisa de acompanhamento individualizado”. A funcionária respondeu prontamente: “A gente não trabalha com isso aqui.” Bom, já tem quase um mês e ainda não recebi o telefonema agendando com a pedagoga pra eu tirar as minhas dúvidas.

A quinta escola também foi quase a mesma coisa, mas tive um sinal de esperança. Quem nos apresentou a escola foi a coordenadora de turno, e não uma funcionária da secretaria. Vi num painel um cartaz sobre educação especial. Então perguntei como era que a escola funcionava a educação especial. A coordenadora disse que já tiveram alunos especiais e que a turma poderia ter um estagiário caso a turma atingisse um certo número de alunos. Então, acendeu uma luzinha de esperança. E, para aumentar ainda mais a minha pontuação com a escola, naquela mesma tarde, a pedagoga me ligou. Então levei um balde de água fria: a escola não trabalha com acompanhamento individualizado. E, ainda questionou porque eu estava tirando o meu filho da escola pública. Depois encerrou a conversa dizendo: “nenhuma escola particular dará ao seu filho o atendimento que ele tem na escola pública. Ele está muito bem amparado onde está.”

Triste, né? Pelo que eu percebo, crianças especiais não são público alvo para as escolas particulares. Não somos alvos de propagandas. São cinco, seis escolas particulares fazendo suas propagandas na televisão e até agora, não vi nenhuma chamada com nenhuma notinha sobre inclusão. As vantagens que as nossas crianças teriam nessas escolas não são divulgadas como pontos positivos. Se a incidência de autismo na população é de menos de 1/100, todas as escolas com mais de 100 alunos deveriam ter pelo menos um aluno especial. Mas, a sensação que temos é que não somos desejados como clientes desse mercado. E, pelo que vejo em reportagens, para que tenhamos qualquer direito garantido, processos e advogados parecem ingredientes imprescindíveis.
Temos mais escolas nas proximidades, mas vou dar um tempo. Vou esperar. Meu filho tem vaga garantida numa escola pública, e junto com ele vou lutar pela qualidade dessa escola, como lutamos pelo CMEI. Sei que o “Governo” tem obrigação de oferecer aquilo que lhe é de direito e pelo que percebo, as escolas particulares se refugiaram nessa premissa. Ou seja: se o governo não dá, também não daremos.
E, aguardamos ansiosamente a hora da matrícula: o que nos espera em 2016?


“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. E nem onde o Garotão há de estudar. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário e o Garotão mais que a escola?”

Paráfrase Mateus 6:25

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